Mato Grosso tem o gás de cozinha mais caro do Brasil

Após quase dois meses sem aumento, a Petrobrás reajustou o preço do gás de cozinha (GLP) em 16%. O reajuste fez com que o botijão de 13 kg chegasse a custar cerca de R$ 140 em Mato Grosso, o mais caro do país, com base na Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Um dos fatores que acarretou nessa alta foi a política de preços que a Petrobrás adota desde 2017, como explica o economista Vivaldo Lopes. Para ele, essa política é desastrosa, pois favorece apenas seus acionistas enquanto prejudica o consumidor brasileiro.

“A política de preços que a Petrobrás vem adotando desde 2017 estabelece os parâmetros de preços do gás, com base no preço internacional do petróleo e a variação do dólar no Brasil. Como ambas têm aumentado desde 2017, o valor do gás também aumenta. Outro fator é o barril de petróleo, que também aumentou. Antes ele custava 80 dólares e na última semana bateu na casa dos 140 dólares”, explicou Vivaldo.

Além disso, o economista acredita que é provável que a Petrobrás volte a reajustar os preços em abril, porque o barril de petróleo e o dólar ainda estão em alta por causa da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

“A Rússia é a oitava maior produtora de gás e petróleo, mas é a segunda maior exportadora, atrás somente da Arábia Saudita. Com a guerra ela não está podendo exportar devido às sanções econômicas impostas pela Europa e Estados Unidos, vai faltar petróleo e gás no mundo nas próximas semanas. Isso afeta o Brasil porque a Petrobrás segue esse padrão de usar o preço internacional como referência”, pontuou.

O empresário Fred Burnett, cofundador da Acende Gás, acredita que o problema nem sempre é causado pelos impostos. Ele vê com grande preocupação a forma como esse conflito no leste europeu afetará seus negócios.

“Frente a essa enorme instabilidade econômica que atravessa o Brasil, entre inflação, taxa de juros, eleições, conflito Rússia e Ucrânia, o impacto do aumento dos combustíveis e do GLP refletirá em novos valores praticados em toda cadeia de abastecimento em todos os tipos de produtos e serviços”, afirmou, acrescentando que falta fiscalização nas distribuidoras de gás.

“A falta de fiscalização rigorosa por parte de órgãos competentes e o livre mercado fazem com que as distribuidoras se aproveitem para lucrar de maneira muito oportunista, colocando o alto preço na conta do consumidor final”, disse.

O monopólio da Petrobrás é criticado por Vivaldo. Para ele a estatal favorece apenas seus acionistas enquanto prejudica o consumidor. “Só ela prospecta o petróleo no país, domina o mercado e impõe o valor que bem entender porque não tem concorrência. E com essa política de preços ela gerou o maior lucro da história. Ela está tendo lucros extraordinários porque o preço do petróleo está subindo e que está pagando isso é a dona de casa, o motorista [de aplicativo]”, avaliou.

Vivaldo ainda pondera que não adianta apenas reduzir o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do combustível e gás ou o presidente Jair Bolsonaro (PL) procurar culpados.

“O culpado é um só: a política de preços da Petrobrás. Enquanto ela não alterar essa política, não adianta congelar ou tirar impostos que o preço de gás e gasolina continuarão aumentando”, finalizou.

ALTERNATIVAS E CONSEQUÊNCIAS DA DESIGUALDADE

Fred Burnett, que é empresário do ramo, investiu em um aplicativo para baratear o preço do botijão. Ele vê a Acende Gás como uma alternativa no mercado GLP para os consumidores finais comprarem o gás com descontos.

“Através de um sistema inteligente de indicações, a Acende Gás oferece aos consumidores um benefício recorrentemente, que contabilizará descontos nos próximos pedidos realizados pelo aplicativo”, afirmou.

Devido à dificuldade em comprar um botijão de gás, famílias estão sendo obrigadas a encontrar outros meios para cozinhar. Um destes é improvisar fogões à lenha, o que, em contrapartida, tem aumentado o nímero de acidentes provocados ao manusear álcool ou outros produtos inflamáveis.

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