Até o momento, são nove vítimas, sendo uma adolescente. Elas registraram ocorrência contra o pastor Esney Martins da Costa, que passou a ser investigado pela Polícia Civil.
Os supostos abusos sexuais que aconteciam dentro e fora da igreja Renascendo para Cristo, em Goiânia, eram de conhecimento da maioria dos fiéis, segundo um homem que deixou de frequentar os cultos após denunciar os casos à Defensoria Pública de Goiás. As vítimas registraram ocorrência contra o pastor Esney Martins da Costa, que passou a ser investigado pela Polícia Civil.
“As meninas, a maioria, acabava cedendo às chantagens dele, porque ele dizia em alto e bom som, que quem não cedesse, ele iria orar paras as famílias morrerem, inclusive as meninas. Ele mexia com a fé das pessoas”, contou o fiel que deixou de ir aos cultos.
A defesa do pastor Esney Martins da Costa disse que ele prestou todas as informações e colabora com as investigações. A reportagem não conseguiu contato com os responsáveis pela igreja evangélica Renascendo para Cristo.
O fiel contou que a direção da igreja “sempre fez questão” de esconder os casos. “Sempre colocando [a culpa] nas vítimas. A culpa nunca sendo do agressor e, sim, das vítimas”, comentou.
Ao todo, nove vítimas, sendo uma adolescente, procuraram a Defensoria Pública e a Polícia Civil para denunciar os abusos sexuais.
Contra o pastor há dois inquéritos abertos na Polícia Civil, um na Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente (DPCA) e outro na Delegacia de Proteção à Mulher (Deam) de Goiânia.
Pastor Esney Martins da Costa, de Goiânia, Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Relatos
O pastor se apresentava aos fiéis como um intérprete da vontade de Deus. Foi com esse discurso que ele conseguiu molestar uma das vítimas.
“Ele falava que era para o meu crescimento espiritual, que era para eu crescer na vida. Ele às vezes confunde até a mente da gente em acreditar que o que ele faz vem de Deus”, afirmou uma das vítimas.
Ela ainda disse que, ao contar ao pastor que tinha sido abusada sexualmente quando era criança, ele insistiu ainda mais: “Você vai ter que passar pela ferida para ser curada. E aí eu fiquei: ‘Meu Deus, eu vou ter que ser molestada de novo para ser curada de um trauma que eu fui na infância?’ Então isso não me deixava dormir”, relembrou.
Pastor Esney Martins da Costa em Goiânia, Goiás — Foto: TV Globo
A família da adolescente relata que descobriu os abusos após perceber a mudança de comportamento da menina. “Todas as vezes que ela ia, ela chegava em casa chorando e se mutilava – as pernas, as costas. E eu comecei a desconfiar. Foi um choque. Quando eu vi aquilo, o meu mundo desabou. Eu morri ali. Eu me sinto culpada, eu me sinto culpada de tudo, mas eu também fui vítima disso tudo. Ele me enganou”, lamentou a mãe dela.
Em uma das mensagens encontradas, o religioso diz que a menor dormiria na casa dele. Em outra, ele orienta a garota a se fingir de “doida” para a família caso eles desconfiassem de algo. Segundo a família, os dois tiveram relações sexuais.
“Oi, amorzinho. Te amo. E olha, não se deixe vencer, tá bom? Não dá ouvido e faz o que eu falei. Se você tiver que dar uma de doida, você vai lá naquelas imagens da sua mãe e quebra tudinho. Joga no chão e rola no chão”, diz a mensagem de áudio.
Outra vítima relatou que o pastor pegou em suas partes íntimas. “Fui molestada. Falava que eu era lésbica e precisava de tratamento”, contou uma mulher.
Pastor Esney Martins da Costa, de Goiânia, Goiás — Foto: Reprodução/Fantástico