Nos primeiros quatro meses de 2021, foram registradas 57 denúncias no estado.
O número de casos de importunação sexual cresceu 54% entre janeiro e abril deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado, conforme dados da Segundo a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp-MT). Nos primeiros quatro meses de 2021, foram registradas 57 denúncias no estado.
Em Cuiabá, foram 18 registros entre janeiro e abril de 2020. Já neste ano foram 21, um aumento de 28%.
A ativista LGBTQIA+ Rafaela Crispim passou por momentos difíceis durante uma corrida por aplicativo. Ela contou que o motorista a chamou de ‘travesti’ e insinuou que a levaria para um ponto de prostituição, e ainda sugeriu que ela pagasse a viagem de outra forma.
“Eu não sabia o que fazer. Naquele momento comecei a acionar o sistema de emergência e ele viu e disse: ‘se você é tão bonzona, não precisa chamar a polícia, vamos resolver aqui’. Ele freou o carro com tudo e tentou me tirar do carro, tomar o telefone da minha mão”, relatou.
Em seguida, segundo Rafaela, ela disse ao motorista que queria descer, mas o homem trancou o carro novamente e impediu a saída.
Ela disse que comentários de cunha sexual têm sido comum por parte dos motoristas.
Delegacia da Mulher de Cuiabá atende casos de importunação sexual — Foto: Polícia Civil de Mato Grosso
Esse tipo de ato é considerado crime de importunação sexual. “É qualquer ato libidinoso praticado contra alguém, com o interesse de satisfazer o desejo sexual”, explicou a delegada Janina Campos.
A denominação surgiu em 2018 para suprir uma lacuna na lei.
“Antigamente tínhamos apenas a importunação ofensiva ao pudor, que era uma contravenção penal, e de outro lado o estupro, que é um crime mais grave”, pontuou a defensora pública Rosana Leite.
A importunação ofensiva ao pudor resultava apenas em multa. Agora a pena 1 a 5 anos de prisão.
Segundo Rosana, além de conhecer a lei, fazer a denúncia é fundamental para combater a importunação sexual.