Em 48 h, 4 crianças presenciaram assassinato dos pais em MT

Reprodução

Mato Grosso registrou duas situações dramáticas esta semana quando 4 crianças presenciaram o assassinato violento dos pais. As vítimas engrossam a lista dos órfãos de feminicídios e crimes de execuções que cresce e exige políticas públicas para dar amparo aos sobreviventes da violência.

Na sexta-feira (8), uma meninacom um ano e três meses de vida foi jogada ao solo pela mãe, por ordem dos assassinos que a executaram e o marido a tiros, na cidade de Alto Garças (357 km ao sul). De acordo com conselheiros tutelares, a criança só parou de chorar e caiu em sono profundo ao ser retirada da cena do crime e levada para atendimento médico.

O casal Nicolas Elias Albuquerque do Prado, 18, e a mulher dele, Clediana Pereira Alexandre,19, foi executado a tiros por ocupantes de uma camionete, na tarde de sexta-feira. A menina foi entregue a uma tia materna que veio acompanhada do irmão, de Alto Araguaia.

A tia, que já possui outros 4 filhos, mantinha contato com a criança e deve assumir a guarda da menina, que seguiu em viagem na manhã do sábado. O casal também será sepultado na cidade de Alto Araguaia.

Conforme a conselheira tutelar Lucélia Cândida de Moraes Nunes, logo após o crime, surgiram várias doações de roupas
e alimentos para a criança, que se acalmou após o trauma, parou de chorar e até sorriu.

Na madrugada de quarta-feira, os filhos da auxiliar de enfermagem Josilaine Maria Gomes dos Reis, 32, presenciaram seu assassinato, depois que o ex-marido dela, Edésio Alves de Assunção, 50, arrombou a porta da casa e a atacou a golpes de faca, ainda na cama, em Cuiabá.

O assassino ordenou que as 3 crianças, com idades entre 10 e 4 anos, chamassem os vizinhos, depois de ter matado a mulher e desferido um golpe contra seu peito. O filho menor era fruto do relacionamento dele com a vítima. Somente no primeiro semestre, crimes de feminicídio deixaram 30 crianças órfãs no Estado.

A delegada Jannira Laranjeira, que atua no Plantão Especializado de Defesa da Mulher da Capital, lembra que essas crianças vítimas e testemunhas da violência, tanto no ambiente doméstico como fora dele, precisam receber um atendimento especializado ao serem ouvidas, já que muitas vezes se tornam testemunhas contra os autores dos crimes, com quem possuem laços.

As cenas que marcarão suas vidas para sempre serão mais uma vez revividas durante as oitivas, que precisam ser conduzidas por agentes treinados, para diminuir o impacto da tragédia.

Silvana Ribas, Gazeta Digital
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