Comissão decide hoje se autoriza vacinação prioritária de jornalistas em MT

Representantes das secretarias de Saúde vão analisar pedido de inclusão de profissionais de imprensa; levantamento aponta que dezenas já morreram vítimas da Covid-19 em MT

           Pesquisa mostrou que mais de 10% dos profissionais foram contaminados e dezenas perderam a vida em MT – Foto:                             Reprodução

A Comissão Intergestora Bibartite de Mato Grosso (CIB/MT) deve decidir hoje se autoriza a inclusão dos jornalistas no grupo prioritário de vacinação contra a Covid-19. O pedido foi feito pelo sindicato da categoria (Sindjor-MT), que alerta para o aumento de casos de contágio e mortes de profissionais em todo o Estado.

Apesar de prestarem um serviço considerado essencial e atuarem na linha de frente, garantindo a divulgação de fatos e orientações relacionados à pandemia, os jornalistas não foram contemplados nos grupos prioritários.

Vários municípios já autorizaram esta inclusão, mas, caso a medida seja aprovada hoje pelos representantes das secretarias estadual e municipais de Saúde que integram a CIB-MT, a vacinação dos jornalistas passará ser garantida em todas as cidades.

PESQUISA
De acordo com o Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso- SindjorMT, atualmente 1.500 trabalhadores atuam em veículos de comunicação e assessorias de imprensa em todo o Estado.  Pelo menos 150 profissionais testaram positivo para a Covid-19 desde o início da pandemia.

A alta taxa de contaminação é explicada pela exposição dos jornalistas, que acompanham a situação em unidades hospitalares, cobrem as ações do setor de segurança no combate às aglomerações e mantém o contato diário com a população para a produção e veiculação de notícias.

De acordo com levantamento publicado em abril de 2021 pela jornalista Fátima Lessa, mestre em política social, o número de contaminados pode ser bem maior que o apontado oficialmente.

A comunicadora identificou em seu estudo que só numa empresa de comunicação, com 50 funcionários, 22 testaram positivo para a infecção. A subnotificação ocorre porque nem todos os profissionais comunicam o contágio ao órgão sindical e, até o momento, não havia esse registro por parte das autoridades sanitárias.

A pesquisa feita por Fátima Lessa também confirmou o óbito de dezenas de jornalistas, permitindo a identificação de várias vítimas da Covid-19 até março de 2021 – inclusive em Rondonópolis.

Veja abaixo alguns casos levantados pela pesquisa de jornalistas que perderam a vida depois de serem contaminados pela Covid-19.

Paulo Iran, de 56 anos, de Rondonópolis.
Morreu, de madrugada, dia 27 de junho de 2020.  Ele estava internado numa Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde lutou bravamente contra a doença durante 18 dias. Paulo Iran era um dos mais antigos profissionais de rádio em Rondonópolis (217 quilômetros de Cuiabá) e atuou em várias empresas. Era um divulgador dos artistas regionais e, comandava por último o programa ‘Paradão Sertanejo’, na rádio 105 FM.

                                                                  Paulo Iran morreu após ficar 18 dias internado numa UTI

João Batista Pereira, 56 anos, de Juína.
Morreu na manhã de um sábado, 12 de setembro de 2020.  O Jota Batista, era considerado um dos ícones da comunicação do município de Juína (742 quilômetros de Cuiabá) na década de 90 e início dos anos 2000.  Ele estava internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital em Cuiabá. Trabalhou em emissoras de rádio e TV em Juína. Ele também apresentava um programa de TV na cidade, onde conquistou o carinho da população com seu carisma e profissionalismo. (Olhar Direto)

Lenine Martins, 64 anos, de Cuiabá.
O fotojornalista Lenine Martins de Oliveira, morreu no dia 23 de outubro, era uma sexta-feira, vítima da Covid-19. Estava internado no dia 1º de outubro. No dia 6, seu quadro piorou e ele foi para UTI, onde foi intubado. Além da Covid-19, o fotógrafo está com pneumonia bacteriana. Servidor efetivo atuou por 41 anos na Secretaria de Comunicação do Estado. Mesmo após a aposentadoria continuou fotografando e permaneceu no Estado como funcionário comissionado entre os anos de 2014 a 2019. Ele começou a trabalhar para o governo na gestão de José Fragelli, entre os anos de 1971 e 1975. Na época, era um funcionário da assessoria de imprensa do então governador. Tornou-se fotógrafo no governo de Frederico Campos, entre 1979 e 1983. (SecomMT/G1MT)

Nilson Rachid, 68 anos, dezembro, Rondonópolis
Morreu à noite, no dia 15 de dezembro de 2020, uma terça-feira. Natural de Aquidauana, interior de Mato Grosso do Sul, chegou em Mato Grosso no início dos anos 90. Com uma história voltada à comunicação, Rachid dedicou mais de 30 anos ao rádio. Ele era um dos mais importantes radialistas de Mato Grosso, e trabalhou em várias emissoras de rádio e TV como a Rádio Juventude, TV Cidade Record, TV Rondon e a Rádio Clube. A voz marcante fez com que o profissional fosse conhecido como “Canhão do Rádio”. (Globo Esporte/Globo).

            O radialista Nilson Rachid atuou durante décadas na região sudeste

Paulo Becker, 64 anos, Juara
Morreu dia 26 de fevereiro de 2021, uma sexta-feira. Jornalista e apresentador do ‘Balanço Geral’, da TV Amplitude de Juara, em Mato Grosso. Internado desde o início de fevereiro, o comunicador ficou 12 dias na UTI. (IstoÉ)

Renan Dimuriz, 58 anos, Guarantã do Norte
O ator e comunicador Renan Dimuriez, 58 anos, morreu, na noite do dia 4 de março, em um hospital de Sorriso, onde estava há cerca de 35 dias. Atualmente, era agente de comunicação e coordenador de Cultura em Guarantã do Norte. Ele contraiu Covid em outubro de 2020 e teve complicações, ficou com a imunidade baixa, insuficiência respiratória e outras sequelas. Após exame, foi constatado comprometimento pulmonar. Ele foi internado em Sorriso e também contraiu pneumonia, sendo encaminhado à Unidade de Terapia Intensiva e não resistiu. (SóNoticias)

Por Agora MT
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