Campeonato internacional de Jiu-Jitsu Paradesportivo será realizado em maio, em Barra do Garças

São esperados cerca de 3 mil pessoas, entre atletas e delegações no AJP Tour; lançamento oficial será no próximo sábado (20)

A cidade de Barra do Garças receberá no final de maio de 2022 etapa do AJP Tour Paradesportivo, Campeonato Internacional de Jiu-Jitsu que segue calendário em diversas cidades do mundo. O evento será uma oportunidade da cidade se mostrar ao mundo da arte marcial milenar, mas também de mostrar aos próprios barra-garcenses a história do jiu-jitsu local, principalmente o paradesportivo.

O lançamento oficial acontecerá no próximo sábado, dia 20 de novembro e será feito pelo presidente da Federação Brasileira de Jiu-Jitsu Paradesportivo, Elcirley Luz Silva. São esperadas cerca de 3 mil pessoas no evento, entre paratletas e delegação, que tem expectativa de gasto de R$ 2 mil por pessoa, gerando R$ 6 milhões somente em gastos com hospedagem, alimentação, transporte, entre outros.

Nessa quinta-feira (11), Silva esteve na Câmara Municipal de Barra do Garças, onde falou sobre o esporte, a vida do paratleta e as dificuldades da Pessoa com Deficiência (PcD) na sociedade.

Este campeonato, como apontado por Silva desde a primeira de 12 reuniões com o poder público municipal, aparece não somente para colocar de vez Barra do Garças no mapa mundial do esporte, mas principalmente para abrir os olhos de muitos sobre questões de extrema importância, como a acessibilidade e a garantia de direitos, já conhecidos mas por muitas vezes esquecidos, aos PcD’s.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 28% da população de Barra do Garças possui alguma deficiência. O número causou espanto em vários presentes no evento na Câmara Municipal “eu também me assustei quando soube pela primeira vez”, confidenciou Silva.

Com isso em mente, o tom do discurso do presidente da Federação Brasileira fez com que os presentes no ato pudessem refletir sobre situações corriqueiras que, aqueles que não possuem alguma deficiência, acabam por não notar, mas que fazem toda a diferença no cotidiano da pessoa com deficiência.

Secom-BG

Lançamento Jiu-Jitsu BG

Elcirley, presidente da Federação Brasileira de Jiu-Jitsu Paradesportivo, falou sobre a vida do PcD na sociedade

Silva fez questão de falar sobre a história de muito dos paratletas ali presentes, destaques em suas categorias, com os mais diversos tipos de deficiências, como auditivas, de visão, amputados e lesões que prejudicam os movimentos. “O jiu-jitsu é até uma ‘desculpa’ para assuntos muito importantes que temos que abrir os olhos da comunidade em geral”, disse o presidente.

Essa “desculpa” também é utilizada como forma de fisioterapia, pois ao aprender o esporte, os paratletas aprendem a movimentar partes de seu corpo prejudicadas, além de atingir uma coordenação motora mais avançada. “Com a minha amputação, eu caio umas quatro a cinco vezes por dia, por fala de acessibilidade nos locais. Com o Jiu-Jitsu, aprendi a cair, pois o esporte praticado em grande parte no solo nos ensina isso”, explicou Silva.

Há também histórias de seus paratletas que, por conta de sua deficiência, não conseguiam, por exemplo, ficar de bruços na hora de se deitar em sua cama. A movimentação do tronco, aprendida através da prática do esporte, fez com que movimentos que parecem simples para as pessoas sem deficiência, pudessem ser feitos para aqueles que contam com alguma dificuldade de movimentação ou até mesmo com lesões mais graves.

Heróis do jiu-jitsu paradesportivo

Assim como conta o outdoor colocado em frente a Academia Top Team, no Porto do Baé “A Marvel cria heróis, mas os heróis de verdade vão para o parajiujitsu”, as histórias brevemente contadas neste evento na Câmara Municipal mostram o porquê de serem considerados heróis.

Destacamos três, entre as várias que existem dentro da Gracie Barra, de Barra do Garças. A primeira é de Vivaldo Pereira de Jesus, que era um praticante ativo de diversos esportes. Após sofrer sua lesão, que o deixou em cadeira de rodas, ele buscou uma nova prática esportiva. Tentou basquete, mas não se adaptou.

Vivaldo encontrou no jiu-jitsu a alegria de estar praticando novamente uma atividade esportiva “me ajudou na questão física, mobilidade e outras situações, apesar de já ter 15 anos de lesão, foram nesses seis meses de Jiu-Jitsu que tudo melhorou”, disse.

Outra paratleta que tem no jiu-jitsu uma motivação extra é Suiany Linhares. Com a lesão sofrida há 12 anos, ela começou a praticar o esporte apenas há quatro meses. “Pela primeira vez em toda minha vida não acordei com um vazio no peito, acordei realizada e grata por tudo que vivi e por tudo que vem acontecendo na minha vida”, disse, em publicação em seu Instagram após evento em Florianópolis.

Divulgação/Instagram

Elcirley e Suiany

Elcirley (esq.), Suiany em sua cadeira de rodas e equipe em treinamento na Gracie Barra

Por fim, mas não menos importante, temos a história de Antônio Vitor Godoy, que há um ano e meio atrás sofreu um acidente de moto, onde perdeu parte de seus movimentos, o deixando em uma cadeira de rodas. Por conta da pandemia, ele não conseguiu realizar sua reabilitação por um bom período, e encontrou no jiu-jitsu, que pratica há um ano, uma forma de fazer sua reabilitação de vida “por conta do esporte eu não entrei em uma depressão forte” finalizou.

Essas são apenas algumas histórias das muitas que temos em Barra do Garças. Se você se espantou com o número de 28% de deficientes na cidade, você também se espantaria com a força de vencer de cada um dos paratletas.

João Pedro Donadel, Semana 7
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